call me, please

finalmente o dia chegou ao fim.doeu tanto. cada segundo que passava era  mais intenso que o anterior. cada minuto passado era o dobro do sofrimento do anterior. cada hora feita era 60 vezes do dobro do sofrimento em cada minuto, que doia mais que o anterior. era tanto sofrimento, mas sentia-me vazia. há dias assim, dias que nós nem percebemos o porque de estarmos mal, o porque de tanta moleza, o porque de tanta ansiedade que chegue um novo dia. vesti-me duas vezes mais agasalhada que um dia normal. o meu jantar foi apenas torradas com leite cheio de açucar.há dias que o telefone está sempre a tocar, dias que às vezes apetece mesmo desligar e só voltar a ligar no dia seguinte, dias que nem precisamos de atenção mas que esta faz questão de pressionar. mas depois há dias como foi o meu hoje. dias que estamos sem ninguem, e precisamos de carinho e aconchego. hoje não tinha a pessoa mais importante comigo. ela estava sozinha, num lugar cheio de gente, mas sozinha, daí o meu vazio sentido na alma. precisava de alguem que substitui-se esse vazio sentido. só hoje. mas hoje o telefone nem tocou. a campainha não deu sinal. fico a pensar que muita gente falha quando se é mais preciso. não interessa se é de manha, à tarde ou à noite, só interessa o facto de receber apoio. ninguém pede apoio, simplesmente dá-se. mesmo assim eu pedi, e mesmo assim não o tive. podiam ser só 5 minutos, mas precisava de um abraço forte, quente e que me trouxesse forças para um novo dia. isso não aconteceu. amanha vou ficar na cama, a dormir.